Noah
O ar condicionado da sala de reuniões não dava conta da tensão que dominava o ambiente. A mesa oval de vidro refletia os rostos dos acionistas e diretores sentados em silêncio, esperando que alguém tomasse a palavra.
E é claro que o idiota resolveu abrir a boca primeiro.
Gustavo: — Com todo respeito, Noah… os números do último trimestre não justificam o otimismo da sua apresentação. O lucro líquido caiu 8,3%, enquanto o investimento em marketing aumentou mais de 20%. Isso não preocupa ninguém aqui?
Ele jogou a pergunta no ar como se estivesse me desafiando. A caneta entre os dedos girava nervosa. O blazer mal cortado denunciava a tentativa desesperada de parecer alguém que não era. E o mais patético de tudo era o sorriso confiante, achando que tinha me encurralado.
Levantei os olhos dos relatórios e o encarei.
Noah: — Você tem uma solução melhor?
O silêncio foi imediato. Dava pra ouvir até o leve barulho do relógio digital na parede. Alguns acionistas desviaram o olhar, sem saber