Narrado por Letícia
O barulho do ar-condicionado da clínica me deixava inquieta. Eu tentava me concentrar na tela do celular, mas a cada dois minutos olhava pra porta, como se o simples fato de estar ali me fizesse exposta demais. Vulnerável. Como se qualquer pessoa pudesse abrir e me arrancar tudo de novo.
Mas ele tava ali. Sentado do meu lado. Com a mão sobre a minha perna, os dedos fazendo carinho de leve, como se fosse um lembrete de que tava tudo bem agora. E eu queria acreditar nisso. Queria de verdade.
Enzo: — Tá nervosa?
Letícia: — Um pouco.
Enzo: — É só uma consulta, Ariel. Não é nada demais.
Letícia: — Eu sei. Mas... sei lá. É a primeira vez, né?
Ele sorriu de lado. E era um sorriso bonito, aquele meio de canto de boca, que fazia os olhos ficarem menores e o rosto parecer mais leve.
Enzo: — Vai dar tudo certo. Eu tô aqui com você.
E ele tava mesmo. Desde que aquela tempestade com o Gustavo aconteceu, o Enzo tinha virado tudo o que eu achei que nunca teria: presença. Apoio. P