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Capítulo 3 — A Vista e o Vício

Bianca

A festa continuava.

Risos ecoavam, brindes se chocavam e os flashes das câmeras iluminavam rostos que eu mal reconhecia. Mas tudo parecia embaçado depois daquela conversa. Depois dele.

Noah Mancini.

Eu podia jurar que o ar ao meu redor tinha mudado desde o momento em que ele se aproximou. Era como se todo o resto tivesse perdido a cor, o som e o sentido.

Ele havia falado do terraço.

"Se precisar respirar..."

E, sinceramente, eu precisava.

Disfarcei diante da Camila, dizendo que ia ao banheiro, mas peguei o elevador sozinha até o último andar. O terraço era um dos poucos lugares tranquilos naquele prédio. Eu sabia disso. A vista dava para toda a cidade, e o ar fresco costumava limpar a mente. Mas aquela noite… não seria só o ar que me deixaria sem fôlego.

Empurrei a porta de vidro devagar e saí.

O vento da noite bateu no meu rosto. As luzes da cidade brilhavam como um mar dourado. O barulho da festa ficou para trás, engolido pelo silêncio alto do céu.

E ele estava lá.

Apoiado na mureta, as mãos nos bolsos, olhando o horizonte como se controlasse o mundo só com o olhar. Imponente. Intocável. Misterioso. Um homem que parecia ter sido moldado por mãos frias e perfeitas.

Ele virou lentamente ao notar minha presença. Seus olhos — de um cinza cortante — encontraram os meus.

— Eu sabia que você viria. — disse, com um leve sorriso.

— E se eu dissesse que só vim pelo ar fresco?

— Diria que está mentindo, mas eu fingiria acreditar.

Me aproximei. Um passo de cada vez. Meu coração martelava no peito.

— Acho que não sou boa em esconder o que estou sentindo hoje. — confessei.

— Nem deveria. — ele respondeu, virando de frente pra mim. — Tem dias em que a gente não precisa fingir nada.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu olhava a cidade; ele me olhava.

E então ele perguntou, com a voz mais baixa:

— Você está bem, Bianca?

A pergunta me atingiu como um tiro.

Porque ninguém tinha me perguntado isso o dia todo.

Ninguém de verdade.

Fechei os olhos por um momento, sentindo as lágrimas ameaçarem voltar.

— Hoje era pra eu estar escolhendo os últimos detalhes do meu casamento. Daqui a três dias, eu estaria dizendo "sim". E agora… tudo acabou. — respirei fundo. — Peguei meu noivo na cama com a minha melhor amiga. Na nossa cama. Eu joguei perfume em cima deles, peguei um isqueiro… e por pouco não cometi uma loucura.

Abri os olhos e encarei ele.

Noah não recuou. Não pareceu surpreso. Apenas… me olhou.

— Você não cometeu uma loucura. Você sobreviveu a uma. — disse, firme.

— Você sempre fala assim? Do jeito certo, na hora certa?

Ele deu um sorriso curto, quase triste.

— Não. Só quando vale a pena.

Minhas pernas tremiam. Meu peito parecia comprimido por uma força invisível.

— Eu não sei o que estou fazendo aqui. Eu devia estar em casa, chorando, me escondendo do mundo.

— Mas você não está. E isso diz tudo.

Ele deu um passo na minha direção. Depois outro. Até que estávamos tão próximos que eu podia sentir o calor do corpo dele.

— Às vezes, a dor quebra a gente no lugar certo. Faz a gente ver quem somos, não quem queríamos ser. — ele sussurrou.

— E o que você vê quando olha pra mim agora, Noah?

— Uma mulher ferida. Mas inteira. Forte. E absurdamente linda.

Aquilo foi a última gota.

Minhas mãos tremiam, minha respiração falhava, e antes que eu pudesse pensar, já estava encostando os lábios nos dele.

Foi um beijo lento no início. Um reconhecimento. Uma pergunta.

Mas em segundos, virou resposta.

Ele me puxou com força pela cintura, me colando contra o corpo dele. Minhas mãos subiram por instinto, agarrando os ombros, o pescoço, os cabelos. Os lábios dele eram quentes, exigentes, e a forma como ele me beijava… Deus, era como se eu nunca tivesse sido beijada antes.

Me senti viva.

Fugimos dali como dois fugitivos da dor. Ele segurou minha mão, me guiando pelos corredores, ignorando todos os olhares. Entramos no elevador sem dizer nada, mas trocando olhares que diziam tudo.

O quarto dele no hotel era luxuoso. Frio. Impecável. Como ele.

Mas assim que a porta fechou, ele me encostou nela e me beijou como se quisesse apagar cada pedaço de mágoa que eu carregava no peito.

Suas mãos deslizavam pela minha pele com precisão. Como se soubessem onde tocar, onde curar. Me deitei na cama com ele por cima, a respiração descompassada e os olhos grudados nos meus.

— Você tem certeza? — ele perguntou, com a voz grave, os olhos ardendo.

— Hoje… você é a única coisa que faz sentido.

E foi ali que aconteceu.

Sem máscaras.

Sem planos.

Sem passado.

Só dois corpos tentando esquecer o que o mundo fez com eles.

E naquela noite, pela primeira vez, eu não chorei por dor.

Eu chorei por sentir.

Por viver.

E por saber, no fundo da minha alma, que depois daquela noite, minha vida nunca mais seria a mesma.

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