Narrado por Gustavo
Eu cuspi no chão de novo. Sangue.
Meu sangue.
O espelho da sala ainda refletia o estado em que eu fiquei depois que aqueles desgraçados me espancaram. A cara inchada, o nariz fodido, o olho roxo latejando. E tudo isso por causa dela.
Letícia.
A filha da puta teve a audácia de mandar o namorado mafioso dela me obrigar a assinar um contrato. Um maldito contrato de divórcio. E eu assinei.
Fui obrigado a assinar.
Com dor. Com raiva.
Mas assinei.
Levantei do sofá com dificuldade, jogando a garrafa de uísque vazia contra a parede. Os estilhaços voaram, mas nem me mexi. A dor do corpo nem chegava perto da dor que tava queimando dentro de mim.
— Vagabunda... — sussurrei, com os dentes cerrados. — Tu vai se arrepender de ter cruzado meu caminho.
Me arrastei até a pia da cozinha, joguei água no rosto. Não adiantou. Só escorria sangue misturado com ódio.
Ela conseguiu o que queria, né? Se livrou de mim. Tava com o galã da família rica. Grávida. Morando num apartamento pago pe