Narrado por Bianca
Desde que fui transferida para esta ala "privada", cada detalhe parece sofisticado demais. É como estar presa em uma vitrine de luxo. Nada falta. Nada está fora do lugar. E ainda assim, eu nunca me senti tão observada.
No começo, achei que era o trauma. O corpo tentando reagir ao que passei. A quase perda do bebê, o susto, a humilhação. Mas à medida que os dias passavam, os sinais ficavam claros. A polidez excessiva das enfermeiras. O padrão repetitivo das visitas. As refeições entregues exatamente nos mesmos minutos. O modo como ninguém respondia perguntas simples como: "qual é o andar desse setor?" ou "que horas são, exatamente?".
Você não precisa estar algemada pra saber que é prisioneira.
Às vezes, a cela é feita de silêncio e sutileza.
E então eu comecei a testar os limites.
Na primeira noite, fiquei deitada fingindo dormir e notei uma luz azul piscando discretamente da luminária de teto. Só piscava quando eu estava acordada, mexendo no travesseiro. Na s