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Estava tudo um silêncio ensurdecedor e uma escuridão tão amarga como sua tristeza envolvia o ambiente. Já haviam se passado algumas noites, e ela se confinara em sua própria casa. Tudo o que desejava que a morte a abraçasse a qualquer momento. Não tinha nada porque viver. Ele era sua vida, e agora seria a sua morte.

No meio daquele silêncio opressor, um ru´do sutil se fez presente. Um barulho que vinha da porta. Seu coração falhou uma batida. Alguém estava alí. Será que ele voltou?

Seus instintos despertaram, e , num impuslo, ela se levantou. Passou a mão pelo seu cabelo que por falta de cuidado já estava desengrenhado e opaco. Olheiras profundas por debaixo de seus olhos marcaram seu rosto abatido, e seu corpo debilitado por falta de alimentação, tremia levemente.

Mesmo assim reuniu forças para descer as escadas da cobertura e se fazer a sala quanto antes. Cada movimento exigia esforço monumental e seus passos eram pesados.

A porta se abriu devagar e lá estava uma silhueta esguia de uma moça de estatura alta, diferente da sua, tinha a pele mais clara, razão de muitos elogios, e seu perfil nas redes sociais dizia −Não, não jogo Basquete e nunca joguei.− pois era o que os demais perguntavam quando viam Selsabil de vez primeira.

A moça que parecia estar nos meados dos vinte, suspirou de alivio antes de agradecer o síndico do prédio, que a ajudora a abrir a porta.

Mas Fátima, ao reconhecê-la, virou o rostos de imediato andando de volta em direção as escadas, ia de novo para seu quarto. Não queria ver ninguém. Não queria falar. Não queria existir.

Selsabil fechou a porta e mirava enquanto a pequena mulher de pele escura se arrastava escada acima como um fantasma de si mesma. Aquela não era a Fátima que ela conhecia. A mulher cheia de vontade, inteligente e com ganas de conquistar o mundo, que Fatima uma vez fora. Desde que ela se casara com Yahya, sua vida girava em torno dele. E ele sabia que a tinha em suas mãos. Ela daria tudo por ele. Nunca dera ouvidos a ninguem quando a dizem que a ele somente interessa a fortuna de sua familia. Todos so diziam que ela o −comprara”, e que estava a lhe sair cada vez mais caro.

Sem pedir permissão, Selsabil entrou no quarto logo de seguida e abriu as cortinas e depois as janelas sem fazer caso da reclamação de Fátima. Cruzou os braços abanando a cabeça exasperada. Imaginava que era o de sempre: Yahya não dormiu em casa e ela ficou deprimida. Sentou-se a ponta da cama e levantou o lençol, com certa resistência da parte de sua amiga.

−Não atendeu as minhas chamadas, ignorou todas minhas mensagens. Não foi trabalhar hoje. Vai mesmo abdicar do seu emprego?−

−Me deixa em paz, Selsa.− Murmurou puxando o lençol sobre a cabeça, mesmo sabendo que com Selsa não havia discussão, e mesmo que tivesse que a obrigar a ser produtiva, o faria.

−O que foi que ele fez desta vez?− Disse, já irritada. −Eu vi essa fissura na testa.−

−Não é da sua conta. Apenas me machuquei.− Fátima murmurou, com a voz fraca e sem convicção.

−Única desastrada aqui sou eu. Ele te bateu, não foi? Eu vou chamar a polícia.− Ameaçou, já com o telefone na mão.

−Não.− Fatima saiu de baixo dos lençóis e segurou mão de sua amiga. −Tu não sabes o que aconteceu.− disse já chorando.

Selsabil, sem hesitar, a abraçou de uma vez a acareciando a cabeça delicadamente.

−Então, fala comigo. Me conta o que aconteceu.− Tentou persuadi-la para que se abrisse.

−Ele me abandonou, Selsa. Ele me abandonou. Me deu Talaq e me deixou. E desta vez nos nunca mais podemos voltar, nunca.− disse entre soluços, cada palavra como um punhal em seu peito.

Selsabil achava aquela a melhor notícia do mundo, mas vendo a sua amiga do jeito que estava, não era motivo de comemoração. Então abraçou Fátima ainda mais forte, enquanto se dava tempo de selecionar as palavras menos dolorosas para a dizer.

−As coisas vão se resolver. Me conta como foi, pois talvez você tenha entendido errado.” Selsa afasta-se para olhar nos olhos inchados de Fatima, na esperança dela a dizer algo mais; mas Fatima se limitou a pegar no seu telefone, logo abriu aquela pagina que ela não fechou, e pos a mensagem de voz .

−Talaq, Talaq, Talaq.− Selsa ouviu, franzindo a testa, não podia acreditar que aquele crápula teve a audácia de a divorciar via uma mensagem de voz. Ela levou o telefone da mão de Fatima e reproduyiu o audio mais uma vez. Olhou incrédula antes de dizer para si mesma que tinha de manter a calma. A raiva já queimava dentro dela.

Levantou-se e começou a andar em círculos. −Ele foi muito claro. Está acabado.− Fátima repete.

−Ele não teve nem a decência de te dizer isso na cara. Que covarde!− Abanou a cabeça com os nervos a flor da pele. −Não bastou arruinar a empresa de seu pai.−

−-vai dizer de novo que ele so queria meu dinheiro?− Fátima a olhou com desgosto, pois foi sempre a primeira a lhe criticar por sua escolha de marido.

−E o que ele fez não foi prova suficiente? O teu pai o deu o maior cargo na empresa, mesmo ele não tendo a minima competência, com aquele nivel baixo de educação, recebendo como um magnata, por que você pediu! E como ele agradeceu? Arruinando a empresa, roubando o teu pai, e fazendo vocês perderem grandes investidores.−

−Pelos vistos, você continua a par das notícias e escândalos.− Respondeu Fátima, amarga.

−E é um escândalo sim! E maior escândalo será quando descobrirem que após ter sido pegue de flagrante, voltou para casa para descarregar na sua querida esposa, a divorciou por uma mensagem e fugiu. É por esse homem que você chora, Fátima?−

−Você nunca amou ninguém. Nunca vai entender.− Recolheu-se de volta em seus lençóis.

−Se amar e sofrer assim, eu prefiro ficar sozinha.− Selsa disse já sem paciência nem para entender suas lágrimas. Para bem ou para mal a campainha tocou. −Deve ser teu pai, ele disse que estava a caminho.−

−Você chamou o meu pai.−

−Claro. Como acha que consegui convencer o síndico a abrir a porta. Eu nem sabia quem o sindico é. −

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