No dia seguinte, acordei tarde. Não teria apresentação — os Halen tocariam jazz à noite — então nada me cobrava diretamente. Mesmo assim, acordei melancólica, com a cabeça cheia de lembranças de Bashir, da discussão, da dor no olhar dele, do gosto amargo que tudo deixou. Desci para almoçar, mas a comida parecia serragem na boca. Mal toquei no prato.
Subi de volta para o quarto decidida a não me trancar ali dentro o dia inteiro. Precisava de ar. Precisava sentir o sol na pele, a brisa, qualquer coisa que não fosse a claustrofobia do hotel e da minha própria mente.
Vesti meu biquíni, coloquei por cima meu velho jeans e a camiseta preta de sempre. Olhei para as sacolas no canto do quarto — cheias das roupas que Bashir comprara para mim. Nem me dei ao trabalho de abrir. Peguei uma toalha, o protetor solar, coloquei tudo numa bolsa e calcei os tênis.
Não podia usar o elevador panorâmico dos hóspedes, claro. A mim restava a escadaria lateral. Passei pela recepção ignorando o olhar debochado