Tijolo por tijolo, gesto por gesto, silêncio por silêncio.
Beijei seus cabelos e balancei devagar, tentando acalmar a nós dois.
As lágrimas vieram sem aviso.
Quentes, silenciosas, insistentes.
Reprimi a vontade de chorar alto, mas a garganta ardia, e a dor me rasgava por dentro como uma lâmina afiada.
O resto do dia passou em um estado de torpor — tudo parecia envolto em um nevoeiro cinzento, como se o tempo tivesse parado.
Zahir não voltou.
Nem uma palavra. Nem um sinal.
O silêncio dele era mais ensurdecedor do que qualquer discussão.
Passei as horas sozinha com Vitor — alimentando-o, brincando, ninando-o.
Era estranho… pela primeira vez, eu podia viver meu filho plenamente, sem a correria do trabalho, sem as contas a pagar, sem o medo da falta.
Mas essa liberdade tinha um gosto amargo.
Era feita do vazio de um amor quebrado e da ausência do homem que ainda habitava meus pensamentos.
O apartamento, tão lindo e perfeito, parecia frio.
Os móveis elegantes, as flores dispostas nos vasos de cristal, tudo era belo… mas inerte.
Nada ali tinha alma