capítulo 2
— Eu não fiz nada.

Encarei Jacob nos olhos, sem desviar.

Ele percebeu que tinha me empurrado com força. Na hora, mudou de atitude, recuando, com o rosto um pouco constrangido:

— Zoey, eu...

Mas antes que ele continuasse, Molly apertou a palma da mão, mordeu o lábio com aquele ar sofrido e disse baixinho:

— Me desculpa, Jacob. Foi culpa minha. Eu peguei no filhote da Zoey sem pedir, por isso ele me mordeu...

— Filhote da Zoey? — Jacob elevou o tom, depois balançou a cabeça.

Olhou primeiro para a mão de Molly, onde mal havia sangue, e em seguida lançou o olhar para o canto do cômodo, onde o lobinho tremia encolhido, ainda choramingando depois da queda.

— De onde saiu esse bastardo?

Jacob franziu a testa.

— Foi esse bicho que mordeu a Molly!

De repente, Elizabeth avançou. Sem hesitar, deu um chute no filhote.

Ele rolou pelo chão com um grito de dor.

— O que você tá fazendo?! — Gritei, empurrando-a.

Me coloquei na frente do filhote, bem na hora em que ela ergueu o pé outra vez pra chutar ele.

— Você teve a ousadia de me empurrar?! — Elizabeth cerrou os dentes, furiosa. Virou-se para Jacob:

— E se esse bicho tivesse mordido a barriga da Molly em vez do dedo? E se fosse o seu filho?!

— Ele não fez por mal! — Olhei para Jacob. — Foi a Molly que apertou a pata machucada dele! Ele só reagiu por causa da dor!

Molly começou a chorar, de repente. Levantou a mão e, como se tivesse sido ensaiado, deixou o sangue escorrer pelos dedos até o braço pálido.

— Eu só achei ele bonitinho. Queria fazer um carinho, bem de leve. Mas... eu não sabia que ia reagir assim...

Jacob ficou furioso. Avançou até mim, me empurrou com força e agarrou o lobinho com uma das mãos.

Quando ia jogar ele com tudo, me atirei na frente e o arranquei de volta dos braços dele.

— Zoey, você esqueceu? — Jacob me olhou com frieza. — Nossa alcateia não aceita forasteiros. Principalmente bastardos que aparecem do nada.

Jacob estreitou os olhos, me encarando com frieza. Seu olhar e sua voz estavam tão gelados quanto o ar entre nós.

— Jacob, ele é só um filhote ferido. Não representa ameaça nenhuma pra você nem pra alcateia. — Tentei explicar.

— Nenhuma ameaça?! — Gritou Elizabeth, aguda como sempre. — Ele mordeu a mão da Molly! E se estiver carregando alguma doença, alguma infecção? E o meu neto, que ainda nem nasceu, vai pagar por isso?!

— Jacob, é o seu filho! — Continuou ela, exaltada. — Jogue logo esse bicho fora! E trate de dar um fim nessa mulher venenosa! Antes de você chegar, ela ainda fez a Molly trabalhar! Vai ver é inveja dela estar grávida! Capaz até de ter mandado esse filhote atacar de propósito!

Diante de tanta acusação absurda, senti minha loba interior rugir de raiva.

— Eu não fiz nada disso!

Jacob franziu levemente a testa.

— Chega, mãe. — Disse, com o semblante tenso.

— Jacob, você vai continuar protegendo ela depois de tudo isso? A Molly tá esperando seu filho! — Rebateu Elizabeth, virando o rosto pra mim com um sorriso cínico. — Em vez de ficar preso a uma mulher que nem consegue ter filhos, devia cuidar da mãe da sua criança.

Jacob não respondeu à mãe. Em vez disso, se virou pra mim:

— Zoey, foi você que errou. A Molly tá grávida do nosso filho. Quando ele nascer, você vai ser a mãe dele. Por isso, devia ser mais compreensiva, mais paciente com ela. Cuida dela junto comigo. Vai ser melhor pra você também.

Elizabeth o encarou, indignada. Não conseguia acreditar no que ouvia. Murmurou entre dentes:

— Nunca entendi o que ela tem de especial. Ela é mesmo sortuda. Meu filho ama essa mulher mais do que tudo.

Molly também ficou paralisada por um instante. Apertou os punhos com força, e o olhar que lançou em minha direção vinha cheio de inveja e veneno.

Ignorei o olhar dela. Olhei para Jacob e, com um sorriso gelado, disse:

— Jacob, vamos terminar.

Ele congelou. Ia dizer alguma coisa quando Molly, de repente, segurou a barriga e gritou:

— Jacob! Tá doendo, minha barriga!

Jacob entrou em pânico. Na hora, a abraçou com força e começou a examinar onde ela estava sentindo dor.

Elizabeth me empurrou com força e foi direta atrás de Jacob, apressada:

— Leva logo a Molly pra curandeira! Aquele bastardo, sabe-se lá de onde veio, pode ter deixado ferimentos graves! Isso ainda vai causar uma infecção!

Jacob não pensou duas vezes — pegou Molly nos braços e saiu às pressas. Antes de ir, porém, me lançou um olhar gelado e rosnou:

— Se livra daquele filhote! Ou então...

Eu sabia muito bem qual era a ameaça que ele estava prestes a fazer.

Assim que eles foram embora, me aproximei devagar do filhote, que ainda tremia, fraco e assustado. Acolhi-o nos braços com cuidado e enfaixei a patinha machucada, aquela que Molly quase tinha quebrado ao pisar com força.

— Não tenha medo. Eu não vou te abandonar.

Abracei-o com carinho, segurando o choro na garganta.

— A partir de agora, você é meu filho. Minha única família. Quando estiver melhor, a mamãe vai te levar embora daqui.

O lobinho pareceu entender. Sentiu o calor do meu colo e adormeceu ali mesmo, tranquilo.

Mas, no meio da madrugada, nossos breves sonhos foram quebrados bruscamente.

Elizabeth arrombou a porta.

— Sua vadia imunda! Foi por sua culpa que a Molly perdeu tanto sangue e entrou em choque!

Ela ignorou meus protestos, agarrou meu braço com força e me arrastou até a cabana da curandeira. Gritava pelo caminho, enquanto me puxava:

— Você é a responsável! Vai ter que doar sangue pra ela!

Tentei resistir, mas os guardas que estavam na cabana me seguraram com violência e me prenderam na cadeira.

— Tirem o sangue dela! Quanto for preciso! O importante é que meu neto fique bem!

Ela se virou para a curandeira, mas a mulher olhou direto para a porta, hesitante. Jacob tinha acabado de chegar, ainda ofegante, o suor escorrendo pela testa. Assim que soube que sua mãe tinha me levado, correu até ali.

Presa, lutei contra os braços que me mantinham imobilizada, os olhos fixos em Jacob. Era minha última esperança.

Mas ele apenas fez um leve gesto com a cabeça, concordando.

Naquele instante, todo resquício de esperança morreu dentro de mim.

Fiquei olhando para ele, sem piscar.

Jacob se agachou na minha frente, com a voz mansa:

— Zoey, a Molly entrou em choque. O sangue dela é raro, não tem reserva na sala da curandeira. Não fique brava. O bebê que ela está esperando também vai te chamar de mãe no futuro. Por favor, ajuda ela.

— Tá bom. — Respondi, contendo o choro. — Se é isso que você quer, eu dou o sangue.

"Mas depois disso, entre nós, não vai restar mais nada." Pensei, encarando Jacob em silêncio.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP