Verdades Guardadas.
O Peso do Tempo
Clara desceu até a cozinha, mas encontrou apenas a governanta, que cortava legumes com calma sobre a bancada.
— A senhora Isabel está por aqui? — perguntou Clara, tentando parecer natural.
A governanta sorriu gentilmente.
— A dona Isabel foi para o quarto dela. Quer que eu lhe mostre onde fica?
Clara assentiu.
— Por favor.
A governanta a conduziu pelo corredor e indicou uma porta no fim do corredor. Clara respirou fundo e deu três batidinhas leves na porta.
— Dona Isabel? Posso entrar?
— Claro, minha filha. Entre.
Clara abriu a porta devagar e entrou. Isabel estava sentada na poltrona ao lado da cama, com um livro sobre as pernas. Ao ver Clara, fechou o livro e fez um gesto para que ela se sentasse ao seu lado.
— Aconteceu alguma coisa, minha filha? — perguntou Isabel, com o tom carinhoso de sempre.
Clara tentou organizar os pensamentos, mas a insegurança lhe roubava as palavras.
— É que... o Miguel... ele pediu para eu dormir aqui. — gaguejou, abaixando o olhar. — El