Emmy Zack O pavor que se espalhava pelos meus ossos era antigo, instintivo, como se um eco do passado estivesse despertando sob minha pele. Eu sabia. Mesmo sem conseguir ver, mesmo com a mente envolta em névoa, eu sabia que havia um homem ali. Algo — ou alguém — se materializara às minhas costas, e essa certeza me corroía feito fogo lento. Mas então tudo se dissolveu. Como se uma maré de lembranças me arrastasse, deixei de ser eu mesma. Deixei de ser presente. Tornei-me expectadora de um tempo que não me pertencia — e ainda assim, era como se tudo fosse meu. Ela era... eu. A mulher diante de mim, de pé sob um céu opaco, tinha o meu rosto. O mesmo corte nos lábios, os mesmos olhos marcados pela intensidade. Era como me olhar em um espelho esquecido por séculos. E, ao seu redor, ajoelhados diante dela, estavam Isaac e Zayn. Mas... não eram exatamente eles. Eram versões que jamais conheci, dobradas pelo tempo e por algo maior. A Deusa os observava com olhos de um azul sobrenatural
Emmy Zack Zayn ainda me beijava quando segurei seu rosto entre as mãos, sentindo o peso da força que ele lutava para conter. Cada músculo de seu corpo, rígido contra o meu, parecia vibrar com a necessidade crua que ele reprimia a custo. — Docinho... — ele sussurrou, roçando os lábios pela minha pele com uma devoção feroz — Eu só estive dentro de você por uma única noite... e tenho certeza que fiquei ainda mais insano. O timbre rouco de sua voz reverberou em mim, provocando um arrepio que desceu pela minha espinha. As mãos dele — possessivas, ansiosas — deslizavam pelo meu corpo por cima do vestido, cada toque declarando um direito que ele julgava inquestionável. Zayn admitia que era insano com frequência, isso poderia soar engraçado.. de alguma maneira, meu corpo acha isso excitante. — Zayn... — sussurrei, tentando agarrar os fiapos da razão, mesmo enquanto meu corpo já cedia, incendiado sob a magia que emanava dele. — O jantar... Meus olhos percorreram sua figura com uma
Emmy ZackEu teria que admitir para mim mesma que uma conexão sobrenatural me puxava para eles. Talvez isso soasse ainda mais insano a cada dia que eu passasse nesse templo, e, de algum modo, parecia mesmo que eu estava perdendo partes da minha sanidade, lentamente.Um dia, sonhei em estar aqui como uma simples sacerdotisa — apenas servir, ser útil em silêncio. Agora, carregava a responsabilidade de uma linhagem. Agora, eu era adorada como a futura deusa encarnada. Mesmo que explicações vagas sobre descender da linhagem de uma deusa fizessem sentido dentro da lógica deles, depois de Solac’h... depois de tudo que vi naquela memória... Eu só conseguia pensar que precisava recuar. Respirar.Mas não agora. Não esta noite.Esta noite, eu realmente os queria. Esta noite, eu escolheria um deles, mesmo que isso me despedaçasse depois. E, movida por um impulso incontrolável de descobrir mais sobre a Deusa antiga — ou talvez apenas de descobrir mais sobre mim mesma — escolhi Zayn."Resp
Emmy ZackO aroma quente da carne assada misturava-se ao perfume amadeirado das velas espalhadas pela mesa de madeira maciça. O crepitar discreto da lareira preenchia os espaços entre nossas palavras, criando uma atmosfera quase confortável — quase. Havia uma tensão suspensa no ar, densa como névoa prestes a desabar.Isaac inclinou-se para frente, suas mãos firmes segurando a travessa. — Carne? — perguntou, seu sorriso gentil contrastando com o brilho sombrio em seus olhos.Assenti com um pequeno movimento de cabeça, ainda que minha vontade fosse levantar e servir-me sozinha, como todos faziam. Mas Isaac insistia em cuidar de mim, como se isso o redimisse de culpas não ditas.— Salada? — sua voz baixa tornou a pergunta um sussurro cúmplice.Assenti de novo.— Frutas? — ele insistiu, a expressão leve, como se tentasse me arrancar um sorriso.Neguei com um gesto breve, desviando o olhar. Não tinha fome para doces.Isaac posicionou meu prato diante de mim com uma reverência silenciosa.
EMMY ZACKAcordei com um solavanco, caindo da cama com um estrondo surdo contra o chão frio de mármore. Meu coração disparava dentro do peito, e o suor frio escorria pela nuca. Outro pesadelo. Mais um.Madison apareceu no meu campo de visão antes que eu pudesse me recuperar. Seus cabelos dourados estavam soltos, caindo sobre os ombros como uma cortina cintilante sob a luz bruxuleante do abajur. Ela estendeu a mão, a expressão meio divertida, meio exasperada.— Você bebeu chá de hortelã antes de dormir de novo, não foi?Soltou um suspiro enquanto me puxava de volta para cima. Sua força me desequilibrou por um segundo, e eu quase tropecei.— Você sabe o que as guardiãs dizem sobre isso, Emmy.Antes que eu pudesse responder, Sol entrou no quarto, equilibrando um monte de toalhas dobradas no braço. Seu olhar deslizou rapidamente para mim, e ela franziu o cenho.— Pelos deuses menores e maiores, você precisa parar de desobedecer as guardiãs.Ela fechou a porta atrás de si com o quadril e j
EMMY ZACKObservei minha mãe analisando todas nós, Denise Zack parou diante de nós, e seu olhar gelado desceu até a maçã no chão. Com um simples movimento de mão, um feixe de energia se formou ao seu redor, levantando a fruta do mármore e conduzindo-a até sua palma.— Quem fez isso?Madison sequer hesitou.— Jennie. Ela sempre joga coisas na Emmy.Minha mãe lançou um olhar afiado para Jennie, que deu um passo para trás instintivamente. Sem desviar os olhos, mamãe apertou os dedos, e a maçã explodiu em pó entre suas mãos.— Por hora, deixarei isso passar.Seu tom deixava claro que não era uma concessão, e sim um aviso.Ela se virou, seus longos cabelos negros ondulando com o movimento.— Me sigam. Teremos visitantes na Torre. — Suas palavras ecoaram pelo corredor. — E vocês, comportem-se.Seguimos atrás dela, mantendo a postura reta, como nos foi ensinado desde crianças.A época não era comum para visitas. O outono trazia recolhimento. Lobos, vampiros, transmorfos e outras criaturas se
Isaac FieldsO mundo parou.Por um instante, o tempo perdeu o significado. O ar ficou mais pesado, como se cada partícula ao meu redor estivesse absorvendo o impacto daquela visão. Meu coração martelou no peito, meu sangue cantava em um ritmo selvagem.Céus, era ela.Minha prometida. Minha outra metade.A peça que sempre esteve ausente, um vazio que eu nem sabia nomear até agora.Ela estava ali, tão real quanto a própria vontade de Malac'h. Seus olhos azuis brilhavam como um reflexo do céu antes da tempestade, um convite e um aviso ao mesmo tempo. Havia algo neles — algo feroz, indomável — que me fez esquecer como respirar.O destino havia nos unido. Como deveria ser. Como sempre foi escrito.O instinto rugiu dentro de mim. A posse, a necessidade. Era visceral, inegável. Meu corpo reconheceu antes mesmo da minha mente. O cheiro dela, a presença dela. Tudo me chamava.Ela era minha.E eu nunca a deixaria escapar.O mundo poderia desabar agora, e eu não me moveria um centímetro.Porq
EMMY ZACKMinha pele ardia.As garras deslizavam pelo vale dos meus seios, descendo preguiçosamente até minha barriga. O toque era afiado e, ao mesmo tempo, adorável. Um arrepio percorreu minha espinha quando abri os olhos, respirando fundo.E lá estava ele.O homem de cabelos castanho-dourados, encaracolados, com a pele clara banhada pelo brilho âmbar das velas ao redor da cama. Seus olhos castanhos faiscavam, reluzindo em dourado à medida que me devoravam com a intensidade de um predador.Senti seus braços me envolverem, puxando minha cintura contra seu corpo sólido. O calor de sua pele me consumia.Então veio a dor.Uma pontada aguda, profunda. Meus lábios se entreabriram num gemido involuntário, um som que ele recebeu com um sorriso satisfeito.Uma de suas mãos deixou minha cintura e subiu até minha nuca, enredando meus cabelos entre seus dedos. Ele me puxou para si, forçando minha boca contra a dele. Seu beijo era faminto, reivindicador, como se quisesse selar algo muito além de