Bastava fingir que nada estava acontecendo.
Era só isso que Letícia precisava fazer.
De mãos dadas, ela e Renato entraram na pista de dança.
Seguiram o ritmo da música, movendo-se com uma elegância contida, sem trocar uma única palavra.
O silêncio entre os dois parecia denso, não era confortável, tampouco hostil, apenas… estranhamente constrangedor.
Depois de alguns minutos nessa atmosfera silenciosa e quase absurda, Letícia não aguentou mais.
Tomou fôlego e murmurou:
— Então...
Mas mal havia dito duas sílabas e Renato a interrompeu:
— Eu sei. Não entendi errado. É apenas um pedido das nossas famílias.
Letícia piscou, sem palavras.
Não era nada disso que ela pretendia dizer.
Só queria achar um assunto leve, qualquer coisa banal, para aliviar aquele clima tenso.
Mas Renato, ao que parecia, achara que ela queria se justificar, deixar claro que aquele convite não significava nada além do que as famílias haviam arranjado.
No fundo, não dava para culpá-lo.
Letícia lembrou do que acontecera