Mariana
(Algumas horas depois)
Eu ainda estava tentando processar tudo. Ainda sentia o cheiro de grama do parque impregnado em mim, o som dos tiros ecoando na cabeça, o medo de perder a minha filha queimando no peito. Mesmo abraçada à Isabela, mesmo com o Henrique ao meu lado, meu corpo inteiro tremia. Era como se a qualquer momento tudo pudesse desabar de novo.
Foi então que o telefone do Henrique tocou.
Eu olhei para ele, assustada. Ele atendeu rápido, colocando no viva-voz.
— Henrique? — era Alexandre. — Já estou sabendo de tudo. Estou indo encontrar vocês agora na delegacia. Mas antes, preciso avisar: a Clara já está sendo presa. A operação está acontecendo neste momento.
Meu coração deu um salto.
— Presa? — perguntei, sem conseguir conter a voz trêmula.
— Sim — Alexandre respondeu, firme. — Mas quando eu chegar aí, vamos conversar com calma. Eu pretendo pedir algo mais sério do que apenas a prisão preventiva dela.
Olhei para Henrique, tentando entender o que ele queria dizer, mas