Leonardo
Um dia depois
O som da campainha me tirou de um sono leve e irritadiço. Eu estava no sofá, com a televisão ligada num volume quase mudo, mas a cabeça tão cheia que nem lembrava o que estava passando. Clara apareceu no corredor com os cabelos bagunçados e o rosto cansado, e eu já sabia que o dia não ia prestar.
Me levantei, ainda com aquela sensação amarga na boca. Ao abrir a porta, dei de cara com um oficial de justiça. Franzi a testa.
— Leonardo Monteiro? — ele perguntou, com aquela cara neutra de quem está acostumado a entregar problema em papel timbrado.
— Sou eu.
Ele me entregou dois envelopes. Um pra mim. Outro pra Clara.
— Intimação judicial. Medida protetiva. Leiam com atenção.
Clara se aproximou devagar, preocupada.
— Que isso?
Eu abri o envelope na hora. E conforme meus olhos deslizavam pelas palavras, a raiva foi se formando no fundo da minha garganta como um veneno que