CAMILA NOGUEIRA
— Você saiu para encontrar a Anabela?
— Como você sabe sobre isso?
Senti um arrepio percorrer minha espinha, mas mantive o queixo erguido. Eu estava cansada de ser a peça no tabuleiro que não sabia as regras do jogo.
— Então a resposta é sim — constatei. — Você foi vê-la.
Arthur soltou um suspiro pesado, passando a mão pelo rosto como se tentasse arrancar a exaustão da pele. Ele se moveu. O colchão afundou com o peso dele quando ele se sentou ao meu lado, perto demais. Ele esticou o braço, atravessando meu corpo, e espalmou a mão no colchão do outro lado, criando uma gaiola com o próprio corpo sem sequer me tocar. O cheiro dele invadiu minhas narinas, me deixando enjoada.
— Ela reapareceu — ele disse, a voz baixa, rouca. — A mãe dela me ligou. Anabela foi encontrada vagando em uma estrada, desnutrida e desidratada. Está no hospital Santa Catarina. Ela diz que não se lembra de nada. Amnésia dissociativa. Segundo ela, a última coisa que recorda é de ser minha noiva em