ARTHUR VASCONCELOS
O silêncio da mansão era quase perfeito.
Eu estava no jardim dos fundos, avaliando os preparativos.
A surpresa estava quase pronta.
Contratei a melhor empresa de catering da cidade, mandei-os montar tudo, a mesa posta para dois sob o carvalho antigo, as centenas de pequenas luzes de fada penduradas nos galhos, a bebida que ela gostou no nosso primeiro jantar, e depois mandei todos embora. Eu mesmo prepararia a carne.
Nas últimas duas semanas, eu observei minha esposa florescer. Ela já não andava mais na ponta dos pés, com medo. Camila andava pela casa como se fosse dela. O que era.
Ela voltou para a faculdade hoje. A ideia me deixou tenso. O mundo lá fora estava cheio de lixos como Josué Ferreira ou sua tia Lúcia. Mas eu não podia trancá-la para sempre, por mais que meu instinto primitivo dissesse para fazê-lo. Ela precisava respirar e eu precisava que ela sempre voltasse para mim por vontade própria.
Estava terminando de ajeitar o arranjo de lírios brancos na mes