Os dias que se seguiram àquela noite do vinho foram marcados por uma calmaria estranha. Não exatamente confortável, mas... possível. Eduardo e Helena passaram a se encontrar mais vezes pela casa, às vezes dividindo o café da manhã em silêncio, outras trocando breves palavras no fim do expediente. A tensão ainda estava lá, mas menos afiada. Mais domada.
No escritório, a convivência profissional também se suavizara. Eduardo parecia menos impaciente, e Helena, menos na defensiva. Era como se um pacto não verbal tivesse sido firmado entre eles: dar um passo de cada vez.
Certa noite, Helena tentava montar uma prateleira no escritório de casa — que estava há dias encostado em um canto. As instruções eram confusas, as peças pareciam nunca se encaixar, e a frustração dela crescia a cada tentativa frustrada. Foi quando Eduardo apareceu à porta, com as mangas da camisa arregaçadas e uma expressão divertida no rosto.
— Você pretende declarar guerra à madeira ou posso ajudar antes disso?