Leandra Félix
O silêncio daquela casa estava sufocante. Não era apenas ausência de vozes, mas um vazio que parecia ecoar em cada canto, denunciando a distância crescente entre nós. Os meninos sentiam. Eu sentia. Mas Gael? Ele se escondia atrás do trabalho, como se fosse a grande desculpa para não encarar o que realmente importava.
As horas se arrastavam como dias. Entre uma mamadeira e outra, entre trocar fraldas e acalmar choros, havia sempre aquele momento em que os gêmeos balbuciavam algo que soava como “pai”, olhando ao redor como se o chamassem. Não sabiam falar frases completas, eram ainda tão pequenos… mas aquela palavrinha curta, dita com inocência, cortava como faca.
Tentava me convencer de que não era minha obrigação sentir tanto, de que não tinha direito de exigir nada dele. Afinal, não era mãe deles. No entanto, cada lágrima enxugada, cada bracinho estendido em busca de consolo, cada sorriso dado em meio ao choro transformava aquela negação em mentira. Eu era mãe nos gesto