Gael Lubianco
O silêncio da casa era quase ensurdecedor. Havia algo naqueles muros que parecia pesar sobre mim, um tipo de culpa que se infiltrava no ar, tornando difícil até respirar. Estava sentado na sala, encarando o copo de uísque nas mãos, quando ouvi passos firmes se aproximando. Reconheci aquele som de imediato. Meu pai. James parou na porta, observando-me em silêncio. Por um instante, nenhum de nós disse nada. Apenas o som distante do vento batendo nas janelas preenchia o vazio entre nós. Ele parecia cansado, o rosto mais marcado do que me lembrava, como se os últimos dias tivessem sugado anos da vida dele.
— Podemos conversar, filho? — perguntou, com a voz baixa, hesitante. Assenti, ainda sem encará-lo. Ele entrou, fechou a porta atrás de si e sentou-se na poltrona à minha frente. A distância entre nós parecia enorme, mesmo que não houvesse mais que dois metros. — Eu sei que não tenho o direito de pedir isso… — começou, respirando fundo — …mas quero que me ouça, Gael. Dei u