Leandra Félix
Estava sentada criando uma nova jóia aleatória quando o celular apitou e vi o nome de Charlotte.
Demorei um segundo para entender. Charlotte nunca mandava mensagem àquela hora principalmente depois da meia-noite. Ela era metódica, do tipo que tinha hora para tudo. E, se estava me mandando mensagem agora, algo certamente não estava bem.
Peguei o telefone com cuidado, o coração acelerando, e abri a conversa, me perguntei se havia acontecido algo com os meninos ou com Gael, mas pelo a forma que ela escrevia eu sentia que o problema era com ela mesma.
Charlotte era uma mulher forte, mas eu conhecia o tipo de silêncio que ela estava emitindo. Era o mesmo tipo de silêncio que eu costumava fazer quando o mundo desabava sobre mim, aquele silêncio tenso, denso, que só as mulheres que já precisaram engolir dor com elegância são capazes de sustentar.
Fechei o caderno de rascunhos e caminhei até o sofá. O apartamento estava quieto, exceto pelo som do vento. Peguei o celular outra