Mikael é o rei do crime, o rei da máfia e o dono da cidade. Um homem frio, sem sentimentos e capaz de punir e matar a todos que ousarem entrar em seu caminho. Dono de uma das maiores cidades do Estado do Rio de Janeiro, Mikael tem tudo o que deseja, desde dinheiro, poder e mulheres. Temido e destemido, ele impõe o medo e o terror para aqueles que o servem e mais ainda para aqueles que ousam lhe desafiar. Um homem que só ama o seu trabalho e o seu dinheiro, que tem todos os homens e as mulheres aos seus pés. Um homem que achou que nunca poderia se apaixonar por alguém. Mas... Um homem muito importante lhe devia bastante dinheiro, e sem ter como lhe pagar, ofereceu sua única filha como garantia de pagamento. Uma menina linda, meiga e inocente. A pequena e doce Angelina. Mikael desprezava todos e quaisquer tipo de violência contra mulheres, inclusive sequestro ou posse, mas não teve jeito se não aceitar. Precisava mostrar que tinha poder e não aceitava que ninguém passasse por cima de sua palavra e sua autoridade. Foi então que tudo começou a mudar em sua agitada vida no submundo do crime.
Leer másCidade de Deus – Rio de Janeiro – Brasil
Como de costume em todas as sextas feiras, o baile funk começava a todo vapor e muitas pessoas se reuniam naquela quadra no pico mais alto do morro da Cidade de Deus. Muitas pessoas vinham de longe apenas para essa ocasião, muitos funkeiros famosos compareciam, assim como muitos dos traficantes mais perigosos daquela comunidade. E não só os moradores compareciam, muitas pessoas de outros morros e até do asfalto subiam o morro para curtirem. Era uma festa com muita bebida, musica, drogas e sexo para todos os gostos.
E lá vinha ele em seu carro preto rebaixado, Mikael dos Anjos, o recém auto intitulado o patrão da quebrada, o dono do morro, e o traficante mais perigoso e sangue frio da Cidade de Deus e de todos as comunidades da mesma facção.
O carro estacionou na frente da quadra e Mikael saiu todo imponente, duas pistolas prateadas enfeitavam a cintura de sua calça jeans e mostrava-se junto ao seu abdômen negro todo definido. Usava uma blusa de botão branca com as mangas dobradas na altura do cotovelo e carregava um fuzil pendurado em suas costas. Cordões grossos de ouro enfeitavam seu pescoço acompanhados de um relógio Rolex também de ouro.
Mikael era negro e desfilava um tipo físico forte e bastante definido em seus um metro e oitenta e cinco. Cabeça raspada no estilo que a quebrada chamada de “corte na régua”. Duas pedras de diamantes completavam seu visual despojado em cada orelha como brincos.
De dentro do veículo saíram mais dois homens armados, supostamente seus guarda costas.
Todas as novinhas lhe olhavam com desejo – e até alguns homens também. Alguns lhe olhavam com respeito, e outros com medo, alguns com inveja. Muitos não aceitavam que o mesmo estivesse no comando do morro, ou até mesmo queriam lhe tomar o lugar.
Mikael acenou para o motorista e o mesmo saiu de imediato com o carro para estaciona-lo em algum lugar. Após ser cumprimentado por alguns de seus comparsas, um outro homem armado de um fuzil se aproximou e cochichou algumas coisas em seu ouvido. A expressão do chefe do morro se alterou para mais sério ainda do que estava.
- Leva o filho da puta desse X9 pro micro-ondas, mas antes quero que quebrem todos os ossos de seus braços e pernas. – Mikael chamou mais um de seus comparsas e continuou com mais frieza ainda. – Quero que filme essa fita e poste em todas as redes sociais e façam disparos em massa para todos os grupos do zap ta ligado? Esses alemão tem que se ligar que aqui a gente não aceita a porra desses cuzão do caralho.
Mais um dia da rotina de Mikael, um homem frio, odioso e calculista. Só naquele dia já tinha mandado matar três crias de uma outra facção, que tinham entrado infiltrados para ficarem de olheiros e passar para os líderes da facção rival.
Mikael pegou um copo de whisky com energético da mão de uma mulher por quem passou e se direcionou para dentro da quadra, queria começar sua noite curtindo como fazia todos os finais de semana, com muita droga, putas e funk proibidão.
Enquanto isso a alguns minutos de distância do morro da Cidade de Deus, um carro prata em alto velocidade cortava a estrada tocando um funk proibido em alto som, que se misturava com gritos eufóricos de algumas meninas que pareciam bastante animadas e descontroladas.
- Bora Angelina cheira essa porra, hoje você vai ficar doidona caralho. – Uma voz bastante histérica convidada a tal Angelina para usar um pouco daquela droga branca que estava separada em cima de um caderno.
- Para com isso, eu já disse que não vou usar nada disso não, e nem queria ir para esse baile funk aí, sabe que não gosto dessas coisas e muito menos daquele tipo de gente. – Angelina afastava o caderno com a droga de perto dela e sua amiga em apenas um movimento, usou toda aquela substancia usando um canudo formado por uma nota de duzentos reais.
- Ah, você é muito careta anjinha, só não vá fazer a gente passar vergonha lá hein. Hoje to muito louca, quero dar para um traficante negro bem gostoso, e ainda vou pedir para me fuder com a arma na minha boca. Já fico toda molhada só de lembrar da última vez em que subi o morro, puta merda.
- Você é muito louca amiga, não sei como gosta de ir para essas favelas, ainda mais cheia de bandido e gente feia. – Angelina a observava com medo, sua amiga fungava muito do nariz e estava com os olhos completamente arregalados.
- A patricinha da mamãe ta com medo de moleques armados é? – Comentou uma terceira menina com tom de desdém.
O motorista do carro confirmou que já tinham chegado e parou o carro bem na entrada do morro da Cidade de Deus. O baile funk estava a todo vapor e lá de baixo já se ouvia o som das putarias cantadas daquela melodia prazerosa.
As duas meninas desceram do veículo, sendo que Angelina ameaçou não descer com elas, até que uma delas a puxou pelos braços arrotando varias palavras sem sentido devido ao seu estado completamente deplorável por causa do uso das substancias proibidas.
Angelina parecia uma boneca de porcelana, sua pele era bastante delicada e muito branca, parecia que nunca tinha tomado os raios do sol do meio dia, seus longos cabelos loiros eram tão finos e sedosos que desciam por seus pequenos ombros como se fossem águas de uma cachoeira. Sua sobrancelha estava impecavelmente desenhada, e seus olhos brilhavam ainda mais azul com a luz da lua cheia a lhe iluminar o rosto de princesa do asfalto.
Angelina ia subindo o morro ao lado de suas amigas com bastante cautela e medo, ela via diversos homens armados e isso lhe embrulhava o estomago. Ao contrario de suas companheiras, que além de estarem bastante alteradas, já adoravam aquele ambiente e aqueles que ali habitavam.
Finalmente o trio chegava a famosa quadra da Cidade de Deus, o som estava ensurdecedor e muitas pessoas mostravam – se bastante bêbadas e drogadas. Angelina queria ir embora, mas sabia que suas amigas não iriam lhe acompanhar, e só de pensar em descer aquele morro a noite e com diversos homens estranhos e armados pelo caminho, lhe fazia se esforçar em permanecer ali.
Suas amigas lhe puxaram pelas mãos e foram até o meio daquela multidão, elas se esfregavam uma na outra enquanto dançavam e Angelina observava tudo a sua volta bastante assustada, estava nervosa e com bastante medo.
Homens e mulheres ostentavam todos os tipos de armas e dançavam apontando seus objetos para o alto, era tudo normal para eles, menos para nossa pequena anjo loira do asfalto.
Angelina estava ficando tonta, o cheiro das drogas lhe enjoava e ela queria vomitar. Tudo a sua volta parecia girar sem controle e todos os olhos que lhe encaravam com escarnio, pareciam desfigurados e retalhados.
Ela estava se embriagando com a maresia do cigarro do diabo.
Quando Angelina achava que ia desmaiar, acabou se trombando com alguém, o golpe fora tão violento que a mesma fora jogada ao chão sem ao menos conseguir se apoiar em alguma das pessoas que estavam a sua volta.
Seu vestido branco ficara completamente ensopado com os mais variados tipos de líquidos que escorriam pelo solo daquela quadra. Ela queria chorar, queria fugir, mas ao mesmo tempo estava começando a ficar possessa de ódio. Raiva de suas amigas, daquela gente que para ela eram imundas e estranhas e de todo aquele ambiente.
Ao olhar para o alto e ver aquele homem que fora o responsável pela sua queda lhe olhando e sorrindo com desdém, ela não pensou duas vezes. Angelina se levantou bastante furiosa e com apenas um movimento acertou a face daquele homem com um tapa tão forte que todos que estavam em volta pararam de dançar para observar o que estava acontecendo.
Mas a curiosidade dos demais não seria nem pela confusão em si, mas sim, pelo fato de quem era aquele homem.
O homem a sua frente não era nada mais, nada menos que o próprio Mikael, o dono daquele baile e daquele morro. Com o tapa desferido contra seu rosto, o mesmo acabou por deixar seu copo de whisky cair e molhar toda sua barriga agora despida. Ele a olhou com os olhos de ódio que todo mundo já cansara de ver quando o chefe ordenava a execução de alguma pessoa.
Um dos homens que estavam com Mikael tomou a frente da situação e sem pensar duas vezes, agiu contra aquela pobre e indefesa menina.
- Quem a filha da puta ta pensando que é caralho? –O parsa de Mikael lhe agarrou pelos cabelos e no mesmo instante lagrimas rolaram pelo rosto agora pálido de Angelina. – Tá achando que vai subir o nosso morro para fazer merda, sua vadia?
Angelina apenas chorava descompassada e soluçava sem controle. Suas amigas tentaram intervir, mas foram impedias por duas mulheres que estavam com Mikael. Ambas estavam assustadas e já imaginavam o pior.
- Levam essa noia filha da puta lá pra trás e enfiem a porrada nessa patricinha do caralho pra ela aprender.
As duas mulheres a pegaram pelos braços enquanto Angelina permanecia imóvel aos prantos olhando para o vazio. Suas amigas gritavam e pediam para terem piedade dela, que a mesma não teve a intenção e muito menos era de criar confusões.
- Soltem a menina. – A voz de Mikael soou grave e em alto som após o DJ desligar o som. As duas mulheres que carregavam Angelina se viraram para o dono do morro e a largaram, fazendo com que que ela caísse ajoelhadas no chão de frente a Mikael.
Ele a permaneceu olhando do alto enquanto as amigas de Angelina lhe imploravam para deixarem elas irem embora. Mikael já conhecia aquelas mulheres, já tinha comido as duas na semana anterior. Eram duas ótimas amantes e clientes também. Então aceitou o apelo de suas conhecidas.
- Levem essa puta daqui, e não tragam mais essa patricinha mimada de merda pro meu morro. – Mikael sacou sua pistola e deu dois tiros pro alto. – Liga a porra do som caralho. Vamos curtir essa porra.
Mas antes que fossem embora, Mikael se aproximou e gritou para Angelina e suas amigas.
- Olha só sua putinha, me agradeça por eu estar de bom humor, mas a próxima vez que eu ver sua cara branca e nojenta aqui na favela, vou deixar você careca, entendeu vadia? – Sua voz se alterou com bastante agressividade enquanto esfregava o cano de sua pistola na boca de Angelina.
E novamente em mais um ato de loucura, Angelina fez o impensável.
- Vai se fuder seu favelado filho da puta. – E com ódio e força, Angelina cuspiu no rosto de Mikael, que no mesmo instante lhe devolveu com um tapa em sua face.
Angelina caiu de costas no chão e observou Mikael lhe apontar a pistola na direção do seu rosto. Diversas memorias de toda sua vida passavam na frente de seus olhos como cenas de um filme dramático, ou melhor, como em um filme de terror. Sua pele ficava fria e sua saliva descia feito pedra por sua garganta. Pensou que fosse morrer, mas ainda não era a sua hora.
- Já falei para vocês duas levarem essa louca drogada filha da puta daqui porra. – Mikael deu mais um tiro pro alto e no mesmo instante as amigas de Angelina a pegaram pelo braço e a arrastaram para fora daquela quadra.
Mikael observou as pessoas lhe olhando e mandou o DJ continuar com a festa. De longe ele observava as meninas irem embora e balbuciou algumas palavras que só ele pudera ouvir.
- Angelina. Não vou esquecer desse nome.
Eu sabia que Mikael era contra o uso de armas por parte dos moradores, mas eu não podia ignorar a realidade em que vivíamos. Não era seguro andar pelas ruas sem proteção adequada. Eu já havia presenciado situações perigosas e sabia que poderia ser a próxima vítima.Fui até Mikael e tentei argumentar a favor da minha ideia, mas ele foi firme em sua posição. Ele não queria expor os moradores a mais violência e estava determinado a manter a paz no morro.Eu entendia sua preocupação, mas não conseguia deixar de lado a sensação de vulnerabilidade. Eu precisava me sentir segura para poder assumir a minha posição de primeira-dama do morro.Decidi que precisava de uma outra estratégia. Talvez eu pudesse procurar outros meios de defesa, como aulas de autodefesa ou algo do tipo.Enquanto isso, eu também estava determinada a ajudar Mikael no que fosse necessário. Eu queria provar que era mais do que apenas uma contadora, que eu era capaz de liderar ao seu lado.Ainda havia muito a ser feito no m
Mikael estava animado para a realização do evento. Ele passou dias preparando tudo, desde a escolha da praça pública até a contratação de uma equipe para decorar e organizar a área. Eu o ajudava no que podia, mas principalmente o apoiava e o motivava, afinal, era algo muito importante para ele e para a comunidade.No dia do evento, acordei cedo para ajudar nos últimos preparativos. Quando chegamos à praça, fiquei impressionada com a quantidade de pessoas que já estavam lá, todas curiosas e ansiosas para ouvir o que Mikael tinha a dizer. Ele subiu ao palco, falou sobre sua história de vida, como ele chegou onde estava e como a mudança do nome do morro para Cidade dos Anjos era uma forma de homenagear seus antepassados e a comunidade.As pessoas ficaram emocionadas e começaram a aplaudir e gritar de alegria. Eu olhava para Mikael com tanto orgulho e admiração, sabendo que aquele momento era muito importante para ele e para todos nós. Depois da fala de Mikael, começaram as apresentações
Eu estava pronta para sair do escritório de Mikael quando ele me puxou pelo braço, me fazendo virar para ele. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me beijou com intensidade, me deixando sem ar.Fiquei surpresa, mas não conseguia resistir àquela sensação que me invadia quando Mikael estava por perto. Nos beijamos com paixão, nossos corpos colados um ao outro, e eu podia sentir o coração dele batendo forte.Quando finalmente nos separamos, Mikael me olhou nos olhos e repetiu que queria que eu fosse morar com ele. Eu fiquei sem palavras por um momento, tentando processar tudo aquilo.Morar com Mikael significaria abandonar a minha vida atual e mergulhar de cabeça em um mundo perigoso e violento. Mas também significaria estar ao lado dele, vivendo uma história de amor intensa e apaixonada.Eu sabia que estava arriscando tudo, mas não podia negar o amor que sentia por Mikael. Aceitei a proposta e Mikael me beijou de novo, desta vez com um sorriso nos lábios.Naquela noite, fomos
Angel P.O.V.Eu não pude acreditar quando Mikael me convidou para o famoso Baile de Favela da Cidade de Deus. Eu sabia que era um evento grande e perigoso, mas eu estava animada para sair da rotina e me divertir um pouco. Além disso, Mikael prometeu que estaria ao meu lado o tempo todo.Quando chegamos ao local, eu fiquei impressionada com o tamanho da festa. Havia música alta, luzes coloridas e pessoas dançando por toda parte. Os homens de Mikael estavam armados, mas pareciam estar relaxados e se divertindo.Mikael me apresentou a alguns de seus amigos, mas eu não conseguia prestar muita atenção. Estava distraída com as danças sensuais e o clima quente e úmido. Mikael, porém, não tirava os olhos de mim e me abraçava constantemente, o que me fazia sentir segura.Em um determinado momento, fui ao banheiro e, quando voltei, vi Mikael conversando com algumas mulheres. Fiquei um pouco ciumenta, mas tentei não demonstrar. Quando ele me viu, me puxou para dançar e logo esqueci do ocorrido.
Mikael estava sentado em sua grande mesa de mogno, em sua nova luxuosa sala de reuniões. Ele tinha um sorriso largo no rosto e uma expressão de satisfação, enquanto abria a pasta que tinha em sua frente.- Meus caros amigos, eu gostaria de compartilhar com vocês algo bastante empolgante. – Mikael começou a falar, ainda com o sorriso no rosto. – Como vocês sabem, o mercado de entorpecentes internacional é bastante lucrativo e eu não poderia ficar de fora disso.Os homens que estavam sentados em torno da mesa de Mikael assentiram em concordância, esperando para ouvir mais.- Eu fechei um novo negócio de drogas. – Mikael continuou, abrindo a pasta e retirando um documento. – Este é um acordo bastante grande, que vai nos trazer uma grande quantidade de dinheiro.Mikael começou a explicar detalhadamente o acordo, mostrando planilhas, gráficos e imagens que ajudavam a ilustrar o tamanho do negócio.- Vamos precisar de mais homens para essa operação. – Um dos homens questionou, olhando para
Angel sentiu o coração acelerar e o medo tomar conta dela ao reconhecer Mikael. Era como se estivesse revivendo tudo novamente, presa nas mãos daquele homem perigoso. Mikael também parecia surpreso ao vê-la ali, e por um momento, eles apenas se encararam em um silêncio constrangedor.Finalmente, Mikael quebrou o silêncio, pedindo desculpas a Angel e tentando explicar o seu comportamento. Angel não conseguia acreditar que estava ali, frente a frente com o homem que havia lhe causado tanto sofrimento e, ao mesmo tempo, despertado sentimentos confusos dentro dela.Após uma breve conversa, Mikael ofereceu para acompanhá-la até em casa, mas Angel recusou educadamente. Ela queria se afastar daquele homem o mais rápido possível. Antes de partir, porém, ela prometeu ligar para ele para conversarem mais.Enquanto caminhava em direção à sua casa, Angel sentia a tensão ainda presente em seu corpo. Ela sabia que não podia deixar as emoções do passado tomarem conta dela, mas era difícil ignorar o
Último capítulo