CLARA
- Vai, entra logo - A Martinha me empurrou farmácia à dentro e eu quase tomei um tombo.
Virei a encarando com uma cara feia e só aí eu entendi a pressa. O Neguinho tava passando com os meninos na rua, e o Sorriso apontava pra cá igual um maluco.
Eu soube do rolo deles desde a festa da Ritinha, quando peguei os dois agarrados no corredor que dava pro banheiro. Depois a Ana me contou todo o resto, junto da própria Martinha.
- Vai ficar sem falar com ele até quando? - Perguntei olhando pra ela e dela para a rua. Ela deu de ombros.
- Quando ele parar de ser medroso e falar com o meu paizinho, eu paro de negar voz - Ela disse rindo sem humor.
Fiquei triste por ela, né. Ninguém merece um homem sem atitude, sem uma postura. E além do mais, o que poderia acontecer de ruim se ele fosse falar com o meu pai?
- Ele vai superar, o Talibã não é nenhum monstro - A puxei pela mão e ela riu, indo até o balcão comigo.
A farmacêutica nos olhou e eu fiquei calada, fazendo a Martinha revirar os olh