MIA
As mãos de Vittorio me mantinham de pé — firmes, seguras — como se ele soubesse que, sem elas, eu desabaria. Ele não segurava só meu corpo, mas também a avalanche de sentimentos que ameaçava me engolir quando meus olhos encontraram os dele… os olhos do meu pai.
Eram sentimentos que vinham em cores.
Vermelho. A raiva ainda viva e pulsante por tudo que ele me fez passar. Por ter me deixado com a máfia como se eu fosse uma peça de negociação.
Azul. A tristeza densa de perceber que tantas das lembranças que eu guardava com carinho tinham sido construídas sobre mentiras.
E roxo. A saudade profunda, sufocante, que apertava meu peito e me fazia querer correr, mesmo sem saber se para abraçá-lo ou para fugir de tudo aquilo.
Mas então ele abriu os braços. E sussurrou, com a voz trêmula, mas cheia de amor:
— Minha filha…
Naquele instante, meus pés se moveram por conta própria. Meu coração se rasgou em mil partes e depois se reconstruiu, passo a passo, até que eu me aninhei em seu abraço.
E f