VITTORIO
O carro deslizava pelas ruas escuras como um corvo em voo silencioso. Cada metro percorrido parecia pesar mais no meu peito. Eu sabia que aquela noite mudaria tudo — para mim, para Mia, para toda a dinastia da Cosa Nostra.
Don Mauricio me aguardava, e nas mãos eu carregava o destino de uma linhagem.
Segurei a pasta — com as imagens do diário impressas — contra o peito durante toda a viagem, como se fosse um relicário precioso. As palavras ali contidas — verdades arrancadas do passado — pesavam mais do que qualquer arma que já carreguei.
Quando os portões da propriedade se abriram, rangendo sob o peso dos anos e das promessas antigas, respirei fundo. O ar cortante da madrugada bateu no meu rosto como uma lâmina afi