Janete narrando
Eu sabia que ele ia tentar me intimidar, que ia vir com aquele papo furado de sempre, mas dessa vez eu tava preparada. Quando o Caique se aproximou, tentando bancar o esperto, só mantive meu olhar firme. Não desviei por nenhum segundo.
— Achei que você nunca mais ia aparecer, sumido — eu disse, cruzando os braços, mantendo a postura, como se o coração não estivesse acelerado no peito.
Ele deu aquele sorrisinho de canto que sempre usava pra manipular, mas não colava mais. Não em mim.
— Achei que você ia sentir minha falta — ele soltou, com aquela voz baixa e cínica.
— Eu senti, sim… falta de paz, falta de ar, falta de sossego. Que bom que cê voltou pra eu te mostrar que a Janete que você deixou lá atrás morreu. A de agora não corre, não abaixa a cabeça e muito menos se assusta fácil.
Eu vi nos olhos dele o choque. Ele não esperava isso. Não da “menininha frágil” que ele achava que me moldava.
Dei dois passos pra frente, encostei quase no rosto dele, e antes que ele ten