Ao entrar em casa, encontrei Beatrice no que parecia ser seu pequeno ritual. Ela se movia com leveza pela cozinha, cantarolando algo suave enquanto a fragrância rica da comida invadia o ambiente. Por um instante, deixei-me absorver pela cena: sua figura serena, distraída, concentrada em cada detalhe do jantar.
Ela notou minha presença e se virou, lançando-me um sorriso caloroso.
— Como foi o trabalho? — Perguntou, mas notei a hesitação em sua voz. Com o tempo, Beatrice aprendera que, quando eu dizia “limpando a casa”, significava que assuntos sombrios tinham sido tratados. Eu não precisava dizer mais nada.
— A “casa” ainda não está limpa o suficiente — murmurei, deixando o peso das palavras no ar.
Ela apenas assentiu, preferindo não se aprofundar no tema, e voltou ao fogão.
— Que cheiro bom é esse? — perguntei, aproximando-me dela e absorvendo o aroma que parecia uma mistura perfeita de tomates maduros e manjericão.
— Tortellini al brodo. É o jantar que nos espera hoje — respondeu ela