Elize não dormiu direito.
Revirou-se a noite toda, ensaiando mentalmente tudo o que podia dar errado — e tudo o que ela precisava fazer para que desse certo. Não era a primeira vez que acompanhava uma audiência, mas era a primeira em que alguém confiava a ela o papel de estar ali por mérito, e não por obrigação.
Levantou antes do despertador tocar. Separou a roupa com a mesma reverência de quem se prepara para uma batalha: um blazer azul-marinho que a fazia se sentir poderosa, uma calça de alfaiataria que dava firmeza ao passo e, por baixo, uma blusa leve, quase romântica, como um lembrete de que ela ainda era ela — mesmo tentando parecer mais corajosa do que se sentia.
Chegou ao escritório cedo. Cedo demais. Glória ainda nem tinha colocado o café para passar.
— Nervosa? — perguntou a mulher, ao vê-la conferir a pasta do processo pela terceira vez.
— Tô bem, é só… foco. — Elize respondeu, com aquele sorrisinho que denunciava o caos interno.
Antes que pudesse fugir para dentro do