O relógio marcava oito em ponto quando a campainha tocou. O som ecoou pelo apartamento como um lembrete de que eu tinha tomado uma decisão e não havia mais volta. Respirei fundo, ajustei o vestido simples que escolhera e passei um último olhar no espelho do corredor. O reflexo não mentia: eu estava nervosa. Mas não era por Daniel, não exatamente. Era pela tentativa desesperada de me convencer de que ainda tinha algum controle sobre minha própria vida.
O que me deixava inquieta era o fato de que, por mais que tentasse, não conseguia arrancar Demian da minha mente. Ele ainda queimava em mim como uma marca invisível, mas impossível de apagar.
Abri a porta e encontrei Daniel sorrindo do outro lado. O mesmo sorriso caloroso de sempre, aquele que já me salvara tantas vezes no passado, quando a solidão parecia um peso insuportável. Cabelos levemente bagunçados, camisa aberta no colarinho, aquele ar descontraído de quem não precisa se esforçar para ser encantador.
— Uau, você está linda — dis