O Corredor de Vidro
Lila Duarte
Eu estava no limite. O beijo na bochecha de Catarina, o abraço carregado de perfume, o sorriso cínico que Aaron exibiu ao sair do restaurante – tudo aquilo tinha sido a gota d'água. Ele havia retornado como um míssil teleguiado, pronto para detonar o casamento de Cat, e me usando como consultora estratégica de marketing afetivo.
Aaron não realmente não se mancava. Ele era brilhante, implacável, e completamente cego para qualquer emoção que não fosse a sua própria obsessão por Catarina. O fato de ele ter me ligado às quatro da manhã para me repreender por não ter lhe entregue a fofoca do divórcio era a prova final. Eu não era a sua amiga; eu era o seu espião mal pago e não oficial.
Eu comecei a evitá-lo como a praga. Não atendi suas chamadas diretas. Respondi a seus e-mails de trabalho com a formalidade fria que ele tanto valorizava. Se ele me ligava para perguntar sobre a Meneses Global, eu era o Dr.ª Duarte, eficiente e distante. Se ele ligava para per