A Noite em Claro e o Curativo da Alma
Lila Duarte
A madrugada foi longa. Depois de conseguir estancar e suturar o corte de Aaron com meus conhecimentos rudimentares de primeiros socorros, eu o arrastei (com a ajuda do mordomo) para o seu quarto. Ele estava quase inconsciente, e eu o deixei na cama, monitorando sua respiração para garantir que o nível de álcool não o levasse à aspiração.
Eu não dormi. Sentei-me em uma poltrona no canto, não dormi de preocupação. Preocupação não apenas com a ferida, mas com a ferida aberta da sua alma que ele expôs com tanta violência. Eu me sentia exausta, meu corpo ainda cheirando a álcool e sangue.
Por volta das sete da manhã, antes que o sol atingisse os picos cobertos de neve, o mordomo anunciou a chegada de um médico.
— Dra. Duarte, o Dr. Calabar está aqui.
Eu pisquei. — Dr. Calabar?
— Sim. Ele é meu filho. Eu o alertei da emergência e ele veio imediatamente de helicóptero.
O médico era um homem jovem, incrivelmente discreto, com olhos