Silêncios que Queimam
O carro deslizava pela avenida iluminada, mas dentro dele o silêncio era absoluto.
Eloise mantinha o olhar fixo na janela, observando as luzes da cidade como se fossem mais interessantes do que realmente eram. O coração, no entanto, batia rápido demais.
O que significava tudo isso.
Ela mordia o lábio discretamente, tentando não se perder na lembrança da voz dele, no peso daquelas palavras ditas no elevador. Mas quanto mais tentava ignorar, mais o corpo reagia — o calor, o arrepio, a lembrança do toque.
Do lado oposto, Augusto estava imóvel, uma sombra imponente no banco de couro. A mão apoiada no queixo, os olhos verdes fixos à frente. Para qualquer um, ele parecia apenas concentrado. Mas Eloise sabia — aquele silêncio não era simples.
De repente, ele se virou. O olhar encontrou o dela no reflexo da janela.
— Está nervosa? — perguntou, a voz grave, baixa, como se pudesse ler seus pensamentos.
Eloise piscou, surpresa, tentando disfarçar.
— Só ca