Confissões à Meia-Luz
O escritório estava silencioso. Augusto permanecia de pé, de costas para a porta, as mãos nos bolsos e o olhar fixo na cidade que se estendia além da parede de vidro. Lá embaixo, tudo parecia pequeno, distante, mas dentro dele o tumulto era maior do que jamais admitiria em voz alta.
A porta se abriu sem anúncio, e Thiago entrou como se o espaço também fosse dele. Fechou-a devagar e se recostou na mesa, observando o amigo em silêncio. O ar divertido de costume não estava ali. Ele sabia reconhecer quando Augusto precisava de silêncio antes das palavras.
— Vai ficar em pé olhando a cidade até ela responder as suas perguntas? — perguntou, a voz baixa, sem ironia.
Augusto não se virou. Respirou fundo, o maxilar travado.
— Estou… confuso. — disse por fim, as palavras pesadas, como se fosse difícil soltá-las. — O que sinto… não deveria sentir. Não por ela.
Thiago cruzou os braços, sério, atento.
— Eloise.
Augusto fechou os olhos por um instante ao ouvir o nome, como se