Ele ergueu o olhar, finalmente percebendo sua presença. Um canto da boca se curvou num sorriso rápido.
— Surpresa?
— Bastante. Achei que o Augusto Monteiro só sabia mandar e… dar ordens.
— E quem disse que isso aqui não é uma ordem? — provocou, mexendo a frigideira antes de desligar o fogo. — Vai provar algo que só muito pouca gente já teve o privilégio.
Ela se aproximou devagar, os braços cruzados.
— Privilegiada… eu? Achei que nosso “contrato” não incluía chef particular.
— Nosso contrato inclui o que eu quiser incluir — ele rebateu, com aquela calma perigosa
— Que desperdício… — Eloise disse, se apoiando no batente da porta. — Um homem desses, que sabe cozinhar, e esconde o talento?
— Eu não escondo — respondeu, voltando a atenção para a panela. — Só reservo para ocasiões específicas. Não se acostume. É exceção.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— E essa… é uma ocasião específica?
Ele parou por um segundo, como se avaliasse a pergunta, depois sorriu de lado.
— Digamos