A BEIRA
O vento cortava o oitavo andar como faca aberta.
Augusto deu um passo à frente.
O coração firme.
A voz gelada.
— Vamos acabar com isso, Lucas. — disse. — Sem mais feridos. Sem mais sangue. Sem mais inocentes morrendo por algo que acabou há décadas.
Lucas deu um riso curto — um riso quebrado.
Frio.
— Inocentes. — repetiu, cuspindo a palavra como veneno.
Ele virou a arma para José.
— Eu posso não ter tido a vingança do jeito que eu queria… mas você, velho… — os olhos dele brilharam, vermelhos — você vem comigo pro inferno.
Francisco deu dois passos.
Não rápido.
Não teatral.
Só… firme.
— Lucas. — ele chamou, e a voz veio como quem sangra. — Se existe alguém para culpar… é a mim.
Lucas hesitou.
Só um segundo.
A arma oscilou.
Francisco continuou:
— Há vinte e cinco anos, seu pai chegou aqui bêbado. Tomado pela suspeita. Cego pelo ciúme. — a voz dele tremia, mas não parava. — Ele empurrou Emanuel. Emanuel tentou se defender. Mas seu pai era maior. Mais forte. Foi