Capítulo 18 – Feridas expostas
Eloise bebeu o whisky de uma vez só. O líquido queimou sua garganta como fogo líquido, mas a dor no peito continuava mais forte. Latejante. Insistente.
Ela encostou o copo na perna, apoiando-se no sofá como quem precisava de apoio para manter a alma dentro do corpo. O silêncio persistia, mas dessa vez ...mas dessa vez, foi Augusto quem murmurou primeiro.
— Eu também já senti essa dor.
A voz dele não vinha carregada de piedade. Era sóbria, densa, quase como se estivesse revivendo algo que preferia enterrar.
— Não entendi tudo o que aconteceu com você hoje... mas conheço esse olhar. O de quem foi traída. De quem foi... enganada.
Ela o encarou. O olhar curioso se misturava à incredulidade. Augusto Monteiro? Sentir dor? Ele parecia inatingível. Forte demais para isso.
Mas ele continuou.
— Eu usei essa dor para me fortalecer. Não foi fácil. Mas passou.
Ela o observou com mais atenção agora. Por trás do homem impecável e da postura de aço, havia rachaduras.