A Sombra na Porta
A madrugada ainda cheirava a perfume e confusão quando o carro de Heitor parou diante do prédio de Nathalia.
As luzes do painel lançavam reflexos dourados no rosto dela — e, por um instante, ele esqueceu como se respirava.
Nathalia virou o rosto devagar, um sorriso preguiçoso nos lábios, os olhos brilhando.
— Obrigada pela carona, doutor VisionLab.
Heitor riu, inclinando-se no banco.
— “Doutor”? Isso foi elogio ou provocação?
— Depende… — ela respondeu, o tom arrastado, divertido. — Se você estiver esperando um beijo, foi provocação.
O sorriso dele se desfez num meio suspiro.
— E se eu disser que tô?
Nathalia o olhou com calma.
— Então vai ter que continuar esperando.
Ela abriu o cinto, pegou a bolsa e parou antes de sair do carro.
O olhar dele prendeu o dela — intenso, confuso, meio perdido entre desejo e curiosidade.
— Nathalia… — ele começou, a voz rouca. — Eu não tô acostumado com mulheres que me deixam no vácuo.
Ela sorriu de canto, inclinando-se próxima o bast