As Vozes do Medo
A sala de interrogatório estava fria, iluminada por uma lâmpada direta que jogava sombras duras sobre a mesa de aço. Do outro lado do vidro espelhado, Augusto observava em silêncio, os olhos fixos em cada rosto que entrava.
O primeiro foi Douglas Lima, analista de contabilidade. Suava em excesso, os dedos tamborilando no tampo metálico.
— Eu só assinava, doutor. — disse, a voz trêmula. — As ordens vinham sempre por e-mail, com assinatura eletrônica. Um código: “Louvre”. Eu nunca vi esse homem. Nunca.
Thomas inclinou-se.
— E você nunca questionou? Nunca pensou que estava acobertando um desvio milionário?
Douglas baixou os olhos.
— Eu… tenho três filhos. Eu precisava do emprego.
Thomas fechou a pasta com um estalo.
— Você precisava é de coragem.
Foi retirado algemado.
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O segundo foi Thays Coutinho, do setor de compras. O rosto duro, mas a voz era nervosa demais para sustentar firmeza.
— Eu recebia malotes com documentos já prontos. Assinava.