O sol da manhã atravessava as frestas da cortina, e eu não queria abrir os olhos. A cabeça latejava — não só pelo vinho da noite anterior, mas pelo turbilhão que ainda rodava dentro de mim.
Rolei na cama, puxando o travesseiro contra o rosto, como se pudesse apagar a lembrança da noite passada. O gosto do beijo dele ainda estava em mim. O calor das mãos dele ainda queimava na minha pele.
E foi nesse instante que a culpa veio como uma onda gelada.
“Você é uma idiota, Mila.”
Eu mesma me repreendi, a voz interna ecoando mais alta do que qualquer barulho da rua.
Porque, claro, eu sabia muito bem o que aquilo significava. Não era só um beijo. Nunca seria só um beijo. Lorenzo Castellani não era um homem que entrava na vida de alguém para brincar. Ele tinha aquele olhar… aquele olhar de quem planeja, de quem decide, de quem toma posse.
Pulei da cama, como se pudesse fugir dos pensamentos. Fui direto pra cozinha, liguei a cafeteira, mas até o cheiro do café parecia me lembrar do sorriso dele