Voltamos tarde da noite. A cidade parecia ter apagado as luzes só para nós — as ruas tão caóticas agora estavam mais silenciosas, e o saguão do hotel tinha aquele ar doméstico de madrugada, quase acolhedor. Eu estava exausta, com os sapatos pedindo arrego, e a única coisa que queria era uma cama e algo que coubesse na minha fome de verdade.
Parados no corredor, eu e Lorenzo trocamos um olhar meio sem jeito. Era como se, de repente, não soubéssemos muito bem para onde ir — cada um para o seu quarto ou continuar juntos, como na noite anterior?
— Tô morta de fome e eu não via a hora de tirar esses sapatos. — Quebrei o silêncio, deixando escapar um riso baixo, arrancando meus saltos dos pés.
— Serviço de quarto? — ele sugeriu, sério e prático. — Tem uma massa aqui que nunca erra.
Sorri. Era a proposta mais sensata do mundo. Nós dois, de pijama por baixo dos roupões, pedindo massa no quarto: cena digna de filme barato que, por alguma razão, me fazia sentir em casa.
— Tudo bem, só vou