~POV Lorenzo~
O restaurante tinha um ar aconchegante — paredes em pedra, luzes baixas refletindo em pequenos lustres, e um perfume de temperos frescos que se misturava ao cheiro do vinho recém-aberto. As velas sobre a mesa lançavam sombras delicadas no rosto dela; exatamente como eu havia combinado ao telefone mais cedo, queria um lugar que não soasse a trabalho.
Ela estava à minha frente, linda como sempre, mais calma do que nos últimos dias. Tinha algo diferente nas suas feições que eu ainda não conseguia decifrar. Mesmo assim, havia uma preocupação constante nos olhos; uma inquietação que eu já começava a reconhecer. Percebi, antes mesmo dela falar, a hesitação que tomou o seu rosto.
Quando ela perguntou se eu preferia a verdade ou uma história de superação, aquela imitação sarcástica de falsa modéstia me arrancou um sorriso involuntário — e me deixou preocupado, porque por trás da piada havia algo pesado. Respirei devagar e respondi, com a voz controlada:
— Sempre a verdade.
Ela e