Quando Lis entrou na minha sala dizendo que o senhor Castellani queria falar comigo, meu coração deu aquele salto involuntário que eu já começava a odiar. Respirei fundo, ajeitei os papéis na mesa e tentei parecer indiferente.
— Ele pediu pra você se preparar — Lis disse com aquele sorriso malicioso que já entregava tudo. — Vocês precisam viajar pra filial de Campinas. Aquele evento grande de inauguração, ele quer que você acompanhe de perto todos os detalhes, serão três dias intensos.
— Quem mais vai? — perguntando com a voz polida.
— Daqui? Só você… o restante vai ficar por conta da equipe local. Mas ele fez questão de que seja você quem vai coordenar tudo.
Três dias?
Três dias com ele. Sozinha?
Fingi naturalidade, apenas assenti e agradeci, voltei a olhar para a tela do notebook. Mas por dentro, meu estômago já se revirava.
Na terça seguinte, nos encontramos no estacionamento da empresa. Era no comecinho de novembro e o tempo parecia acompanhar meu humor — instável, imprevisível.