Pov. Isabella
5 anos atrás...
Era uma tarde fria de setembro, daquelas em que o vento parece atravessar a pele e entrar direto no coração. Eu tinha acabado de sair de uma entrevista frustrante — mais uma. Meus sapatos doíam, o currículo estava amassado na bolsa e a sensação de fracasso era quase sufocante.
Entrei em uma cafeteria pequena no centro, mais para fugir do vento do que para me consolar com café. O lugar era aconchegante, com cheiro de pão de canela e música baixa ao fundo. Escolhi uma mesa perto da janela, tirei o casaco e abri o jornal dobrado — ainda acreditava que um anúncio impresso poderia mudar minha sorte.
Enquanto lia as colunas de emprego, alguém parou ao meu lado.
— Esse lugar está ocupado? — perguntou uma voz masculina, firme, grave.
Olhei para cima e o vi pela primeira vez.
Um homem alto, com um sobretudo escuro e olhar cansado. Não era o tipo de beleza óbvia — era o tipo que impunha respeito. Traços fortes, o cabelo castanho penteado com cuidado, e um leve vin