72. A visita de Vicente (Vicente)
O sol castigava o cortiço, aquecendo as paredes de madeira desgastada e fazendo o ar dentro da casa parecer mais pesado do que já era. O cheiro de cebola refogada e caldo fervendo se misturava com o aroma de lenha queimada. Na pequena cozinha, Tereza mexia a panela com a sopa rala que preparava com o pouco que tinham. Batatas, cenouras e água. Nada mais.
Era quase uma ilusão chamar aquilo de refeição, mas era o que poderia oferecer à mãe doente e à irmã.
Rosa entrou apressada, os pés descalços roçando o chão de madeira envelhecido. O rosto jovem, tão semelhante ao de Tereza, estava marcado pela preocupação.
— Irmã... — a voz dela era quase um sussurro. — Tem um homem branco aí te procurando.
O estômago de Tereza revirou.
A colher parou no meio do movimento.
Ela não precisou perguntar quem era. Sabia. Seu corpo soube antes mesmo de sua mente processar a informação.
De novo, meu Deus?
Fechou os olhos por um breve instante, antes de entregar a colher a Rosa e enxugar as m