Quando Vicente saiu da sala Ouro, o ar pareceu voltar a circular.
Mas só pareceu.
A verdade é que a sala ficou menor, mais quente, mais densa.
Como se todas as paredes quisessem obrigar os dois a dizer o que evitam há semanas.
Lívia ainda segurava o envelope da proposta.
Rafael ainda segurava o ar e o controle.
Por um longo tempo, nenhum dos dois disse nada.
Era como se estivessem tentando reaprender a respirar.
Finalmente, Rafael colocou as mãos nos bolsos e falou, baixinho:
— Você tem noção do que isso significa?
Ela assentiu, sem desviar os olhos dele.
— Tenho.
É um salto enorme pra minha carreira.
Ele fechou os olhos por um instante.
— Eu sei.
E é por isso que dói.
A sinceridade dele cortou o ar como uma lâmina fina.
— Rafael… — ela começou, com a voz baixa demais — eu não posso recusar só porque… só porque você…
— Só porque eu te amo. — ele completou.
Ela congelou.
O mundo congelou.
Ele nunca tinha dito assim.
Não com essas palavras.
Não com essa entrega.
Rafael deu um passo à f