O relógio marcava 8h47 quando o carro parou em frente à sede.
Lívia ajeitou o cabelo no reflexo do vidro, tentando convencer o próprio coração de que era apenas mais uma viagem de trabalho.
Mas o espelho não mente — e os olhos dela denunciavam o que o corpo já sabia: nada entre eles jamais seria apenas profissional.
Rafael saiu do carro, vestindo uma camisa clara dobrada nos antebraços.
Simples, mas perigoso.
O tipo de presença que preenche o espaço antes do som.
— Pronta? — perguntou, com aquele meio sorriso que sempre vinha acompanhado de promessas silenciosas.
— Sempre estive. — respondeu, firme, tentando não se trair pelo olhar.
O trajeto até o aeroporto foi tranquilo, mas o ar dentro do carro não era.
Pequenos silêncios, músicas neutras e, de vez em quando, o toque acidental das mãos quando ambos pegavam o celular ao mesmo tempo.
Ninguém falava, mas cada centímetro entre eles vibrava.
Belo Horizonte os recebeu com céu limpo e cheiro de café.
O hotel era moderno, discreto, com uma