Enquanto você dormia eu me apaixonei pelo inimigo
Enquanto você dormia eu me apaixonei pelo inimigo
Por: Mia Ivanov
Capítulo 1

**Nota da Autora**

Ao longo desta história, você encontrará alguns rostos conhecidos do meu outro livro, Natal com o CEO Cafajeste. Eles aparecem de forma especial, trazendo ainda mais charme e conexão entre os universos. Se você ainda não leu, aproveite para conhecer essa outra trama repleta de romance, intensidade e surpresas — tenho certeza de que você vai se apaixonar também!

PONTO DE VISTA DE EMMA

Passado...

A loja de carros em Boston, Massachusetts, estava em plena agitação naquela manhã. O brilho intenso das luzes refletia nas latarias polidas, criando pequenos sóis nas curvas perfeitas dos veículos expostos. O cheiro de couro novo e cera automotiva misturava-se ao murmúrio das conversas, enquanto eu me posicionava ao lado de um sedã preto reluzente.

Com um sorriso confiante e gestos firmes, descrevia cada detalhe para o homem diante de mim — um cliente de meia-idade, de terno impecável, mas com a expressão de quem ainda estava preso à dúvida.

— Este modelo não é apenas um carro — comecei, com a entonação treinada para soar persuasiva, mas natural. — É uma experiência. Imagine-se em uma estrada aberta, num fim de semana ensolarado. O couro macio abraçando seu corpo, enquanto o sistema de som transforma cada quilômetro em uma trilha inesquecível.

Ele cruzou os braços, estudando minhas palavras com atenção.

— Conforto é importante, claro... mas e o consumo? — perguntou, franzindo a testa. — Não quero gastar mais na bomba do que no carro.

Mantive o sorriso, pronta para revidar.

— Excelente ponto, senhor. Este sedã faz até quinze quilômetros por litro na cidade, e chega a vinte na estrada. Além disso, o motor híbrido garante ainda mais economia no longo prazo. — Inclinei levemente a cabeça, dando ênfase. — Pense nisso como um investimento. Inteligente para o seu bolso e sustentável para o planeta.

Enquanto falava, percebi a figura do meu chefe a poucos metros de distância. Ele observava em silêncio, braços cruzados, olhos atentos. A presença dele fez com que minha postura se endireitasse ainda mais, e minha voz ganhasse firmeza.

O cliente arqueou uma sobrancelha.

— Então você está me dizendo que esse carro... praticamente se paga sozinho?

— Exatamente — respondi sem hesitar. — E, se fecharmos hoje, consigo garantir uma taxa de financiamento exclusiva, com parcelas que cabem no seu orçamento. Não se trata apenas de comprar um carro... mas o carro certo, nas condições perfeitas.

O brilho de interesse surgiu nos olhos dele, embora a cautela permanecesse.

— Isso é tentador... mas e a garantia? — retrucou. — Já tive problemas sérios no passado.

Dei um passo à frente, suavizando o tom da voz.

— Compreensível. É por isso que oferecemos cinco anos de garantia ou cem mil milhas, com assistência 24 horas. Nossa prioridade é a sua tranquilidade depois que sair daqui.

Meu chefe fez um discreto aceno de aprovação, mas não disse nada. Eu sabia que aquela era minha chance de conduzir a venda até o fim.

Houve um silêncio breve, denso. Então o cliente soltou um suspiro, seguido de um sorriso quase resignado.

— Você sabe mesmo como vender um carro, hein? Certo... vamos fechar.

A satisfação aqueceu meu peito. Estendi a mão, firme.

— Excelente escolha. Vou providenciar tudo para que o senhor saia daqui ainda hoje, dirigindo o carro perfeito.

Enquanto me afastava para iniciar a papelada, captei de relance o sorriso discreto do meu chefe. Ele se aproximou, falando baixo, quase em confidência:

— Se alguém ainda tinha dúvidas de que você é a melhor... acabou de provar o contrário.

Dei um leve aceno, contendo o orgulho que queria transbordar.

— Depois que terminar a papelada — continuou ele —, passe no meu escritório. Temos algo importante para conversar.

— Claro. — respondi, já sentindo um frio na barriga que não tinha nada a ver com a venda recém-concluída.

Quando terminei a papelada, o peso da caneta ainda parecia vibrar nas minhas mãos. Entreguei os documentos ao cliente com o mesmo sorriso profissional de sempre e, por cima do barulho da loja, dirigi-me ao escritório do Sr. Wilson. O corredor cheirava a café frio e verniz, e a luz do fim de tarde espiava pelas persianas — tornando o ar mais denso, quase elétrico.

Bati na porta e ouvi a voz dele, firme e contida:

— Entre.

O Sr. Wilson era o tipo de homem cuja calma parecia arquitetada: uma expressão serena que escondia uma precisão afiada nos negócios. Estava sentado atrás da mesa, os óculos apoiados no rosto enquanto folheava alguns papéis. Ao erguer o olhar, fez um gesto para que eu me sentasse na cadeira que rangeu levemente.

— Fez um bom trabalho naquela venda — ele disse, direto. — Mas não te chamei aqui só por isso.

Sentei-me cautelosamente, antecipando algo além do elogio rotineiro.

— Quero te perguntar uma coisa. Por que você não entrou na universidade?

A pergunta me pegou desprevenida. Arqueei a sobrancelha, surpresa pela mudança repentina de assunto.

— Pode parecer besteira, eu sei — respondi com um sorriso meio nervoso —, mas a universidade nunca foi uma opção para mim. Gosto do que faço aqui. Aprendo na prática, vendo resultados. Vender carro é o meu trabalho, e eu sou boa nisso.

Ele ouviu com atenção, as mãos entrelaçadas sobre a mesa.

— Entendo — disse ele, devagar.

— Minha irmã, Lily, começou a faculdade mês passado. É o tipo de coisa que combina com ela: livros, pesquisa, rotina. Eu, por outro lado, sou prática. Gosto de estar na linha de frente: conhecer clientes, entender o mercado. Eu cresci aqui.

Ele sorriu, como se chegasse a uma conclusão que já vinha alimentando há algum tempo.

— Deixa eu ser direto: você é minha melhor vendedora. Em décadas, nunca vi alguém com a sua desenvoltura — e você só tem dezenove anos. Meu filho não quer o negócio da família. Fico pensando no futuro da loja... e quero propor algo importante.

Meu coração acelerou sem que eu percebesse. As palavras dele rodavam na minha cabeça antes mesmo de completar a frase.

— O que o senhor quer dizer? — perguntei, a voz baixa.

— Quero te convidar para ser minha sócia — afirmou ele. — Dividir responsabilidades, decisões. Você conhece este lugar como ninguém; tem visão, tem jeito com o cliente. Idade não me interessa quando há talento. E talento você tem de sobra.

Por um instante fiquei muda. A sala encolheu e expandiu ao mesmo tempo: o chão parecia firme demais para todo o turbilhão dentro de mim.

— S-sócia?

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