A viagem foi silenciosa.
Não por falta de palavras, mas porque o caminho exigia escuta. Emeraude, Ilyra e Nyra seguiam por trilhas antigas, guiadas por murmúrios do véu que se infiltravam no mundo físico. O ar tornava-se mais denso a cada passo. Era como se o tempo, aos poucos, esquecesse de passar.
Ao terceiro dia, avistaram os portões.
A cidade era cercada por muros de pedra cobertos por heras eternamente verdes. Nenhuma folha murchava. Nenhuma flor desabrochava. O céu, fixo em um entardecer melancólico, parecia congelado — e o vento ali não passava de um suspiro retido.
— Entramos em uma dobra do tempo — disse Ilyra, franzindo o cenho. — Aqui, o presente é uma prisão.
Nyra, com seu olhar sempre atento, tocou o portão e sentiu o arrepio familiar. — Há algo… chorando aqui dentro. E está preso há muito tempo.
Emeraude respirou fundo. — Então vamos libertar.
Quando entraram, tudo estava imóvel. Pessoas congeladas no meio de passos. Roupas balançando ao vento — mas o vento não soprava.