Narrado por Lorde
Chego em casa exausto depois de resolver uma série de confusões na boca. Mais um dia jogado no ralo. Além disso, tem o lance do meu pai — gasta grana como se fosse água, mas nunca traz boas notícias. Não sei mais o que fazer pra tirar ele da merda que se meteu. E o velho insiste que só sai pela porta da frente, como se ainda fosse o dono do morro.
— Minha cabeça tá a mil.
Assim que abro a porta, percebo tudo escuro. As luzes apagadas, a casa em silêncio. Pela primeira vez em anos, esse silêncio não me acalma. Pelo contrário: ele pesa, grita, incomoda.
Subo pro meu quarto, passo os olhos pelo espaço e noto que as roupas dela ainda estão ali, como se tivessem sido deixadas às pressas. Tomo um banho rápido, mas não adianta. Quando me deito, o cheiro dela ainda tá nos lençóis, grudado em mim feito maldição.
E é aí que bate. Pela primeira vez, me arrependo de ter me envolvido com alguém de verdade.
Na escuridão, encaro o teto, tentando fugir dos pensamentos. Mas eles vêm