Narrado por Lorde
Vou pro postinho tirar a bala que ficou cravada no meu braço. Sei que a Maitê vai pirar quando souber, mas por enquanto preciso resolver isso. Pego o celular e ligo pro Cobra, certeza que ela esqueceu o telefone na correria.
— E aí, parceiro? Tudo tranquilo? — pergunto.
— Maitê tá prestes a ter outro surto. Tenta falar com ela um pouco, cara. Não comeu nada desde que chegou, não conversou com ninguém, só chorou. Queria ajudar, mas sei que se chegar perto, vou acabar só piorando as coisas.
— Leva o celular pra ela.
Converso com ela, mano, nem sabia que tava com tanta saudade da voz dela. É louco, parece que não percebia o quanto tava sentindo falta dela. Enquanto falo com ela, vou indo pra casa. O medo dela dos tiros é real, e a parada é que a gente ainda não sabe quem invadiu e por quê.
Chego em casa, me jogo na cama. Mesmo com ela do outro lado da linha, não é a mesma coisa. A solidão do quarto toma conta, sem o cheiro dela pra me tranquilizar. Ela desliga o telefo