Narrado por Maitê
Os dias passaram como um borrão. Por fora, tudo parece calmo. Por dentro, é guerra.
As manhãs vêm com um gosto amargo e as noites são sempre as mesmas: uma batalha silenciosa contra monstros que não me deixam dormir. Fecho os olhos e ainda sinto o grito sufocado da dor. O escuro não me assusta. O que me aterroriza são as memórias que habitam nele. Dormir virou um luxo que meu corpo não consegue mais bancar. Até sair de casa se tornou difícil. O mundo lá fora parece afiado demais para tocar.
As dores de cabeça me consomem, latejam como se meu cérebro implorasse por um descanso que eu não posso dar. E o pior de tudo é que nem uma lâmina eu tenho mais. Nos dias mais sombrios, é estranho, mas sinto falta do Fumaça. Não das coisas que ele fez. Mas da forma como, no meio do caos, ele conseguia me manter à tona. Agora, não tem ninguém. Só eu. E esse buraco que parece não ter fim.
Às vezes me pergunto se ainda há algo em mim que vale a pena ser salvo.
Hoje faz uma semana qu